Monday, November 21, 2005

.Spleen.


Inicialmente esta palavra inglesa significava apenas "baço", órgão ao qual era atribuída, no século XIX, a propriedade de determinar o estado melancólico ou depressivo de um indivíduo. Por extensão, passou a significar ainda "mau humor", tornando-se depois o nome da vertente ultra-romântica, conhecida como Mal-do-Século (o que me fascina...).

A medicina da época imaginava que o tédio e a melancolia era fruto de uma bile negra produzida nesse baço.

Nossos ultra-românticos são dominados pelo spleen: na verdade, era o tédio e a melancolia dos que não vêem outra solução para a "dor vivente" senão a morte ou o retorno à infância. A origem da aplicação do termo spleen na literatura é curiosa.

Álvares de Azevedo mencionou o spleen na sua obra "Macário". Leia-a:

"Quando não há o amor, há o vinho; quando não há o vinho, há o fumo; e quando não há amor, nem vinho, nem fumo, há o spleen... Gosto mais de uma garrafa de vinho que de um poema."

Fica-nos evidente nessa passagem o que, na verdade, é o spleen: na solidão do poeta só lhe resta sofrer. E esse sofrimento causava o estado de depressão.

Azevedo também nos deixou escrito uma poesia cujo nome é Spleen e Charutos.


Ilustração:
Time (1810-12), de
Francisco de Goya, artista espanhol
cujas variadas pinturas, desenhos e
estampas, refletiram contemporaneamente
o irrompimento histórico e influenciou
importantes pintores dos sec. XIX e XX.


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