Thursday, December 01, 2005

Faces da MACONHA

Governo britânico vai distribuir remédio à base de maconha

Os pacientes de esclerose múltipla poderão, pela primeira vez, ter acesso ao analgésico Sativex, à base de maconha, no sistema público de saúde da Grã-Bretanha.

O uso do Sativex já foi liberado para pacientes da doença no Canadá.

O Ministério do Interior anunciou que o medicamento poderá ser importado para o uso de pacientes britânicos. Mas eles precisarão de uma receita específica para poder receber o medicamento.

Organizações que lidam com pacientes de esclerose múltipla disseram que a decisão é um passo em direção à liberação total do remédio para uso pelo sistema público de saúde britânico.

Oitenta e cinco mil pessoas sofrem da doença na Grã-Bretanha. No Brasil, estima-se que 15 em cada 100 mil pessoas tenham a doença na região Sudeste, segundo informações do Hospital das Clínicas da UFMG.

O remédio é um spray bucal que contém duas substâncias encontradas na planta cannabis, o tetrahidrocannabiol e o cannabidiol.

Pacientes e médicos já vinham pedindo acesso ao remédio para tratar a doença.

Segundo o anúncio, o remédio poderá ser receitado sob licença do Ministério do Interior, já que o remédio ainda não foi liberado na Grã-Bretanha.

O governo britânico também pediu a uma comissão que monitore a segurança do remédio.

Mike O'Donovan, chefe executivo da Sociedade de Esclerose Múltipla, disse que poder receitar o remédio "é um passo na direção certa".

Segundo ele, "acreditamos que haja evidências de que remédios derivados da maconha podem aliviar sintomas como espasmos musculares e dores".

O'Donovan espera que o Sativex melhore significativamente a qualidade de vida dos pacientes.

Maconha 'pode antecipar sintomas de esquizofrenia'

Um estudo realizado na Dinamarca afirma que quase metade dos pacientes tratados em razão de um distúrbio mental relacionado ao consumo de maconha desenvolve uma forma de esquizofrenia.

Na pesquisa, publicada no British Journal of Psychiatry, os cientistas comparam o quadro clínico de pessoas com esquizofrenia induzida pela maconha com aquelas que apresentam condições esquizofrênicas sem consumir a droga.

Os especialistas do Hospital Psiquiátrico de Aarhus disseram que os usuários de maconha apresentaram sinais de doenças esquizofrênicas em idades mais jovens que os outros.

Durante o estudo, foram observadas pessoas com distúrbios relacionados à esquizofrenia, como problemas esquizotípicos e esquizoafetivos.

Comparação

Durante três anos, 535 pacientes com sintomas psicóticos induzidos pela maconha foram acompanhados pelos médicos dinamarqueses.

Os resultados da observação foram comparados ao quadro de outros 2.721 pacientes esquizofrênicos sem histórico de complicações influenciadas pela maconha.

Os homens consumidores da droga que se tornaram esquizofrênicos apresentaram os primeiros sintomas aos 24,6 anos em média, contra uma média de 30,7 anos para os que não fumavam maconha.

Entre as mulheres, as que tiveram problemas potencializados pela maconha mostraram sintomas de esquizofrenia em média aos 28,9 anos, contra 33,1 anos da média das restantes.

A equipe de pesquisadores liderada por Mikkel Arendt ressaltou que o estudo não afirma que a maconha seja causadora da esquizofrenia.

Isso seria difícil de assegurar já que há outros fatores determinantes para o aparecimento dos distúrbios, como predisposição hereditária, consumo de outras drogas ou condições sócioeconômicas.

Mas os resultados indicando o surgimento precoce dos sintomas em usuários de maconha sugerem, segundo os especialistas, que a droga poderia acelerar o avanço da doença.


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