Friday, September 30, 2005

Crenças budistas

Visto que algum conhecimento sobre renascimento e carma é útil para entendermos o budismo, apresentamos uma breve introdução a esses tópicos, extraída do livro Oito passos para a felicidade, de Geshe Kelsang.

A mente não é nem física nem um subproduto de processos puramente físicos, mas um continuum sem forma que é uma entidade separada do corpo. Quando o corpo se desintegra na morte, a mente não cessa. Embora nossa mente densa cesse, ela o faz dissolvendo-se em um nível mais profundo de consciência, chamado "mente muito sutil".

O continuum de nossa mente muito sutil não tem começo nem fim. Esta é a mente que quando for totalmente purificada, se transformará na mente onisciente de um Buda.

Cada ação que fazemos deixa uma marca, ou potencial, em nossa mente muito sutil e cada potencial cármico por fim produzirá seu próprio efeito. Nossa mente é como um campo e as ações que executamos são como sementes que nele plantamos. Ações positivas ou virtuosas plantam as sementes da felicidade futura e ações negativas ou não-virtuosas plantam as sementes do sofrimento futuro.

A relação clara que existe entre ações e seus efeitos - virtude como causa de felicidade e não-virtude como causa de sofrimento - é chamada de "lei do carma". A compreensão dessa lei é a base da ética budista.

Quando morremos, nossa mente muito sutil deixa o corpo e entra no estado intermediário, ou "bardo" em tibetano. Nesse estado sutil, similar a um sonho, experienciamos várias visões diferentes, que surgem de nossos potenciais cármicos ativados no momento da morte. Essas visões podem ser agradáveis ou terríveis dependendo do carma que amadurece. Quando essas sementes cármicas tiverem amadurecido plenamente, elas nos impelirão ao nosso próximo renascimento, sem escolha.

Devemos entender que, como seres samsáricos comuns, não escolhemos nosso renascimento, mas renascemos unicamente na dependência de nosso carma. Se um bom carma amadurecer, renasceremos em estados afortunados, como um ser humano ou um deus. Porém, se for negativo, renasceremos em estados inferiores, como animal, espírito faminto ou ser inferno.

É como se fôssemos arremessados para nossa vida futura pelos ventos do carma, às vezes em renascimentos superiores, outras em inferiores.

Esse ciclo ininterrupto de morte e renascimento sem escolha é denominado"existência cíclica", ou "samsara" em sânscrito. O samsara é como uma roda gigante, que ao girar nos conduz às vezes aos três reinos afortunados, às vezes aos três reinos inferiores.

A força motriz da roda do samsara são nossas ações contaminadas motivadas por delusões e o eixo dessa roda é a ignorância do auto-agarramento. Enquanto permanecermos nessa roda experienciaremos um ciclo incessante de sofrimento e frustração e não teremos nenhuma oportunidade de conhecer felicidade pura e duradoura.

Entretanto, por meio da prática do caminho budista à libertação e à iluminação, poderemos destruir o auto-agarramento, libertando-nos conseqüentemente desse ciclo de renascimento descontrolado e atingindo um estado de paz e liberdade perfeitas. Estaremos então em posição de ajudar outros seres a fazerem o mesmo.

Uma explicação mais detalhada sobre renascimento e carma pode ser encontrada nos livros Introdução ao budismo e no Caminho alegre da boa fortuna.

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